2025 – Eu, todas – Centro Cultural de Lagos, Algarve , Portugal

Eu, Todas” – Paula Parisot

A exposição itinerante Eu, Todas”, que teve início na Casa de América, Madri (abril, 2024), de Paula Parisot (nascida no Rio de Janeiro, Brasil e hoje baseada em Buenos Aires, Argentina), expande as investigações poéticas e filosóficas que marcaram suas mostras anteriores, Literatura do Eu” e Espejismos, Miragens”. Nesta abordagem, sem temer ser eminentemente eclética, misturando e experimentando diferentes mídias, técnicas, formas e cores, a artista explora o íntimo e o coletivo como partes inseparáveis. Talvez influenciada pelo início de sua trajetória, na escrita, dá especial atenção à importância das narrativas, explorando a multiplicidade da identidade e as conexões entre o individual e o universal.

O título Eu, Todas” sugere uma identidade plural e polifônica. A artista convida o público a repensar o sujeito não como um núcleo fixo, mas como um organismo permeável, continuamente moldado pelo outro, pelas memórias e pelas interações coletivas. Eu, Todas” é um convite à introspecção e à conexão. Paula Parisot constrói uma experiência que transcende o espaço expositivo e dialoga com questões universais, propondo que a identidade não é apenas um reflexo de quem somos, mas um campo de encontro, transformação e pertencimento.

A exposição é composta por obras que oscilam entre o material e o simbólico. Esculturas, instalações e vídeos dialogam com cores, formas e texturas que evocam tanto a fisicalidade do corpo quanto os aspectos mais efêmeros da memória e do desejo. Parisot propõe um percurso imersivo, onde cada peça funciona como um fragmento que se conecta a um todo maior, criando um espaço de reverberações e ressignificações.

Um dos pontos marcantes da mostra é a instalação audiovisual que transmitiu, em sequência, “Yo pandémico” (2021) e DesConcerto” (2024). Na primeira obra, a artista mergulha em seu íntimo durante o período de isolamento da última pandemia, para narrar sua história pessoal, num relato autobiográfico. Na segunda, destaca histórias pessoais que transcendem a esfera individual e abraça símbolos dos Direitos das Mulheres. Esta conta com a participação de Thelma Fardin, Leticia Mazur e Cecilia Szperling, nomes importantes do movimento especialmente no contexto latino-americano.

Ao longo da mostra, o público é levado a um território entre o real e o onírico, onde memória, identidade e narrativa se entrelaçam. Os tons vibrantes de azuis e vermelhos, as grandes pinturas coloridas, com detalhes minúsculos, convidam o público a explorar as profundezas da alma humana e a refletir sobre questões de identidade, pertencimento e autodescoberta. Como espelhos fragmentados, as obras refletem a condição humana em sua complexidade, revelando que ser eu” implica, inevitavelmente, ser todas”.